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quarta-feira, 27 de setembro de 2023

CREPÚSCULO DA VIDA

                                                                                                          Autor: Arnaldo Chagas 

Na vastidão de nossa jornada que é a vida, somos confrontados com verdades inescapáveis ​​a respeito do envelhecimento. A velhice, essa sombra temida que se avizinha como o eco distante de um sino numa gelada manhã de inverno, é uma dessas verdades. Ao fitarmos semblantes já marcados pelos anos, enxergamos o reflexo do tempo, um espelho que nos devolve como marcas do percurso. São ombros curvados, como testemunhas exaustas de uma jornada, olhos fatigados, ainda a cintilar com a centelha de esperança e resiliência.



Nesta contemplação, nos deparamos com a efemeridade, uma existência em que se entrelaçam picos e vales. Alguns de nós, diante do espelho, vislumbram o espectro da solidão o que a velhice ameaça imprimir. Outros, mais a fundo, contemplam as raízes de suas angústias e tristezas, reminiscências que preferem abrigar nos recessos mais recônditos da mente.

Contudo, não posso me desfazer de minhas memórias. Elas são como a paleta de cores nas mãos de um artista, tingindo cada momento, cada riso, cada lágrima. Anseio por mantê-las vivas. Elas são tão específicas quanto pinceladas de minha história, instigando-me a questionar, a aprender, a evoluir. Elas que dão substância à minha narrativa. Suprimi-las seria, de certo modo, perecer.

Há lembranças que eu não gostaria de reavivar, mas elas, de igual modo, integra meu ser, como cicatrizes cravadas no tronco de uma árvore vetusta, testemunhas silenciosas de um passado audacioso. São elas que conferem sentido a nossa existência, como um farol como um farol na noite escura, iluminando nosso caminho com uma luz suave, porém constante a guiar-me na noite.

A velhice não é começo nem fim; é o volume encadernado com suas páginas amareladas sob o toque implacável do tempo. É testemunhar os dias que se transformam em anos, e então em décadas, deslizando como o vento que sussurra entre as folhas de um majestoso carvalho antigo.

Portanto, encaremos o espelho com dignidade, abracemos a possível solidão que a velhice, porventura, possa trazer, juntamente com a sabedoria que se esconde nesse silêncio. Recordemo-nos de nossa humanidade, da beleza que se insinua até mesmo na dor. Pois somos moldados por nossas lembranças, sejam elas formosas ou aterradoras e é preciso coragem para mantê-las vivas.

Em suma, o envelhecer se aproxima, em passos hesitantes ou numa marcha triunfal, assim, trazendo consigo verdades árduas que exigem coragem para serem aceitas. Ainda assim, podemos contemplar o semblante enrugado que nos devolve o olhar no espelho e encontramos, nessas marcas, a obra de arte esculpida pela vida.

quinta-feira, 7 de setembro de 2023

ALERTA A INFOXICAÇÃO

Arnaldo Chagas

Vivemos em uma era de acesso ilimitado à informação, graças à internet. Contudo, a facilidade com que podemos obter conhecimento também traz consigo um problema crescente: a infoxicação. A infoxicação ocorre quando somos sobrecarregados por uma quantidade excessiva de informações, dificultando discernir o que é relevante, confiável e útil. Esse fenômeno tem consequências significativas para nossa saúde mental e para a sociedade na totalidade.



Em primeiro lugar, a infoxicação contribui para o aumento do estresse e da ansiedade. Com tantas informações competindo por nossa atenção, é fácil sentir-se sobrecarregado e incapaz de acompanhar tudo. As notícias constantemente atualizadas, as redes sociais e a pressão para estar sempre online podem levar ao esgotamento mental. Isso afeta negativamente nossa qualidade de vida e bem-estar.

Além disso, a infoxicação prejudica nossa capacidade de tomar decisões informadas. Quando somos bombardeados por informações conflitantes e desinformação, torna-se difícil discernir a verdade da ficção. Isso pode levar a decisões erradas e a uma sociedade mais polarizada, onde as crenças são moldadas por narrativas enviesadas e não pelos fatos.

A infoxicação também tem impactos econômicos. Empresas e anunciantes aproveitam a nossa constante exposição à internet para direcionar publicidade altamente segmentada. Isso cria uma economia de atenção, na qual somos constantemente incentivados a consumir produtos e serviços, muitas vezes sem necessidade. Esse ciclo alimenta o consumismo desenfreado e contribui para a acumulação de lixo eletrônico e ambiental.

A infoxicação pode minar a nossa criatividade e capacidade de foco. A constante alternância entre diferentes tarefas e a distração constante impedem que mergulhemos profundamente em projetos criativos ou atividades que exigem concentração. Isso prejudica nossa capacidade de inovação e produção intelectual.

Por fim, a infoxicação representa um desafio significativo para a sociedade moderna. Devemos aprender a gerenciar de forma mais consciente e equilibrada o nosso consumo de informações, a fim de proteger nossa saúde mental, nossa capacidade de tomada de decisões informadas e nossa criatividade. É hora de repensar nossa relação com a internet e buscar um equilíbrio que nos permita aproveitar os benefícios da era digital sem sucumbir aos seus riscos.

O que a "infoxicação" (hiperconectividade) pode causar:

 . O aumento nos casos de ansiedade e depressão — especialmente, durante os meses de isolamento social em decorrência da pandemia do Covid-19;

. A sensação de constante falta de conhecimento, dando início a um ciclo pela busca por mais informação;

. As dificuldades na capacidade analítica e na tomada de decisão;

. A hiperconectividade, que é o desejo de sempre estar on-line (e a aflição de ficar offline mesmo que por curtos períodos);

. A dispersão, que ocasiona a perda de foco com rapidez e frequência;

. A perda do foco rapidamente enquanto lê notícias;

. A dificuldade de concentração;

. Estresse.


terça-feira, 1 de agosto de 2023

A ILUSÃO DA MERITOCRACIA

Meritocracia, como conceito, é a ideia de que o progresso social e o sucesso individual são alcançados com base no mérito, nas habilidades e no esforço de cada indivíduo. Em teoria, a meritocracia parece justa e motivadora, ao prometer igualdade de oportunidades e recompensas proporcionais ao talento e à dedicação. No entanto, uma análise mais profunda revela uma série de falhas e ilusões que minam a sua essência.


Um dos principais pontos de crítica à meritocracia é a alegação de que ela não pode garantir igualdade de oportunidades. Embora se acredite que todos têm as mesmas chances de sucesso, a realidade é que muitos indivíduos enfrentam obstáculos intransponíveis desde o início. A disparidade econômica e social é uma barreira imensa para quem nasce em condições desfavoráveis. Acesso a uma educação de qualidade, suporte familiar, segurança e estabilidade financeira são fatores cruciais que nem todos têm o privilégio de desfrutar.

O contexto socioeconômico é outro elemento determinante para o sucesso na meritocracia. Aqueles que já estão em vantagem tendem a acumular mais oportunidades, enquanto os menos favorecidos têm que lutar muito mais para conquistar o mesmo patamar. As chances de um jovem talentoso de origem humilde alcançar o sucesso são significativamente menores do que as de alguém que nasceu em uma família rica e bem relacionada. Dessa forma, a meritocracia muitas vezes perpétua as desigualdades existentes.

Além disso, a competição acirrada e o individualismo promovido pela meritocracia podem resultar em consequências prejudiciais para a sociedade. A busca incessante por reconhecimento, status e recompensas materiais pode levar as pessoas a negligenciarem valores como solidariedade, cooperação e empatia. A pressão constante para se destacar cria um ambiente tóxico onde a ansiedade e o estresse são constantes. Isso não apenas afeta o bem-estar emocional dos indivíduos, mas também pode levar a práticas antiéticas e competitivas, prejudicando a convivência em comunidade.

Por fim, a meritocracia, embora seja frequentemente apresentada como o caminho para uma sociedade justa e equitativa, não é tão imparcial quanto parece. As críticas à igualdade de oportunidades, o efeito do contexto socioeconômico e a promoção da competição e do individualismo revelam suas falhas. Enquanto continuarmos a acreditar cegamente que o sucesso é uma mera consequência do mérito pessoal, estaremos ignorando as complexas dinâmicas sociais que moldam a trajetória de cada indivíduo. É essencial reconhecer essas limitações e buscar soluções mais abrangentes e solidárias para construir uma sociedade mais justa e inclusiva. Somente assim poderemos verdadeiramente aspirar a um sistema que reconheça e recompense o valor de cada ser humano, independentemente de suas origens ou circunstâncias.

domingo, 25 de junho de 2023

SAIBA O QUE É IDEOLOGIA DE EXTREMA-DIREITA


 A ideologia de extrema-direita é um conjunto de valores, ideias e crenças políticas que defendem a supremacia do indivíduo, da nação ou da raça em detrimento dos demais grupos. Ela é geralmente associada a posturas autoritárias, nacionalistas, conservadoras e antidemocráticas. Algumas das principais características da ideologia de extrema-direita incluem o nacionalismo, o conservadorismo moral, a defesa da ordem e da autoridade, a ênfase na segurança e no controle das fronteiras, a rejeição de ideias de igualdade social e econômica, o anticomunismo, o racismo e a xenofobia.

Os movimentos de extrema-direita costumam se opor a políticas de inclusão social e diversidade, defendendo a exclusão de grupos considerados "inimigos" da nação ou da cultura dominante. Eles também são frequentemente associados a discursos de ódio e violência contra minorias étnicas, religiosas, sexuais ou políticas.

A ideologia de extrema-direita é um conjunto de ideias políticas que, em geral, defende a manutenção de um status quo social hierarquizado, conservador e autoritário. Entre as principais características da extrema-direita, estão:

Nacionalismo: exaltação do sentimento patriótico e da identidade nacional, muitas vezes com a defesa de valores culturais e tradicionais.

Autoritarismo: crença em um Estado forte, centralizado e com pouca ou nenhuma participação popular. É comum que as ideologias de extrema-direita defendam a figura de um líder forte e carismático.

Conservadorismo: defesa dos valores tradicionais e da manutenção da ordem social, muitas vezes com a resistência à mudança e à modernização.

Anticomunismo: rejeição ao comunismo e às ideias socialistas, muitas vezes com a associação dessas ideologias a regimes autoritários e totalitários.

Xenofobia: rejeição a grupos étnicos e culturais estrangeiros, muitas vezes associando-os a uma ameaça à segurança nacional ou aos valores tradicionais.

Individualismo: crença no valor do indivíduo e da liberdade individual, muitas vezes com a defesa do livre mercado e da redução do papel do Estado na vida dos cidadãos.

Essas características podem variar entre as diferentes ideologias de extrema-direita, mas, em geral
, elas compartilham uma visão de mundo que privilegia a manutenção da ordem social existente, a defesa de valores tradicionais e a rejeição a mudanças sociais ou políticas que possam ameaçar essa ordem.

Vale ressaltar que a ideologia de extrema-direita não é sinônimo de conservadorismo ou direita política em geral, e que existem diferenças e nuances entre os diversos movimentos e partidos que se autodenominam como de direita.



[1] Ver “Teoria das Elites”

segunda-feira, 5 de junho de 2023

MOLHADINHO E MORRENDO DE VERGONHA!


Pode ser uma imagem de gato

Eram exatamente 13:13 m'... quando fui surpreendido por uma tromba d´'água.
Era chuva torrencial que me pegou desprevenido, quando eu estava subindo a Fernando Ferrari. Estava feliz da vida, afinal, minha encomenda chegará na Cesma: o livro "Do amor" de Stendhal. Logo combinei um café com a Paulinha, amiga poeta.
No entanto, deu tudo errado. Que saco!
O tempo já vinha se armando quando sai de casa, mas não dei a mínima. Bem na subida forte da F. Ferrari, senti que começava a cair uns pingos de chuva: plop, plop…, Eu, de boas, “cagando e andando” … De repente, o mundo veio a baixo. Caio um toró…
Na minha frente ia caminhando uma linda jovem, que ficou toda molhadinha. Resolvi atravessar a avenida, de modo a não ficar olhando para seu vestido, que ficou transparente e não lhes causar constrangimento (fiquei com medo até de ser acusado de assédio sexual... sei lá!). Além da tromba d'água, começou a trovejar forte e cair raio, indignado decidi voltar para casa, mais parecia um garnisé, ou melhor, um gato molhado ("tudo contra gatos molhados!").
Foi-se minha encomenda, foi-se o café com a Paula.
Bem, que fazer! Me acalmei e achei melhor mesmo curtir a chuva, lembrei de um ditado nojento, de que não gosto, mas que interroga: “o que é um peido pra quem tá cagado?”.
A final, quando criança adorava tomar banho de chuva.
Descia pensando: "que legal! Ao chegar em casa posso escrever uma crônica contanto os banhos de chuva que tomava quando criança e o prazer que isso me provocava". Foi nesse exato momento que vi um clarão e ouvi um "BRUMMMMM", quase o coração saiu pela boca, tamanho susto. Não bastava isso, ouvi uma voz que veio de um prédio, sem ter um pingo de consideração comigo: "VAI MORRÊ DESGRAÇADO! Quando olhei rápido para trás e para o alto, mesmo sem ver quem gritou, reagi involuntariamente e só percebi a frase que gritei segundos depois: "VAI PRA O RAIO QUE O PARTA!
O céu tava desabando. Era água que Deus mandava. “Um aguaceiro de afoga sapo”. Eu já estava perto de casa. Ia passando por ali, onde tem a praça perto da sinaleira do Big-Center Santa Maria, que dizem que foi comprado pelo pessoal do “Carrefour”, onde tem um gramado e uns carreirinhos de chão, aliás, que estavam puro barro, escorregadios, mas nem percebi. A chuva fria e o chão encharcado não foi obstáculo para que me invadisse o espirito moleque que me persegue mesmo com meus 60 anos nas costas.
Como sou metido a corredor de rua há anos e estava com um bom tênis, decidi dar um pique (nós corredores chamados de “tiro”), de modo a atravessar aquela estradinha de chão. Quis me aparecer para as pessoas que estavam se protegendo da chuva na entrada do supermercado, mostrar meu orgulho e minha coragem. Sai a mil! Não deu cinco metros, dei um escorregão feio e cai de lombo no barro. Foi quando um gaúcho que vinha passando com uma caminhoneta D20, daquelas antigas, colocou a cabeça pra fora - eu só vi o chapéu - e gritou com toda a força: “VAI TE MATÁ NULIDADE!”.
Levantei rápido, dei mais um resvalão, mas me equilibrei. Todo encharcado, sujo, morrendo de vergonha e beiçudo, com a mão na bunda e com o lábio inferior estirado de brado, levantei a cabeça e vi que passavam por mim duas jovens de braços dados de baixo do guarda-chuva, ambas tapavam a boca com as mãos e soltavam risinhos histéricos, finos e debochados: “se machucou tiozinho! – Vão pro inferno! - respondi. Agora, fazem duas semanas que não consigo passar naquela pracinha e, cada vez que chove forte, só saio de casa, se for de carro.
Arnaldo Chagas (Escritor e poeta gaúcho)

sábado, 20 de maio de 2023

BELEZA SE PONDO A MESA

 

"A primeira coisa que um homem percebe numa mulher, é a beleza física”. Ouvi essa frase, dias atrás, vinda da boca de Juscelino, um rapaz jovem, bonito e metido a “Don Juan”. Imediatamente pensei: “se for assim, o que seria das feias?”, mas decidi levar a questão a sério e me interroguei: “será a beleza física, a qualidade mais importante de uma mulher?”.  O homem, concordando com Juscelino, pode sentir-se, à primeira vista, capturado e seduzido pela aparência física da mulher, porém, essa, definitivamente, não é a qualidade mais importante de uma mulher. As coisas não são tão simples como parecem.

Milene Dinese, é uma mulher de meia-idade, linda e sofisticada. Conta-me de sua insatisfação em relação as suas fotos produzidas e postadas em poses elaboradas nas redes sociais. Está cansada de curtidas, elogios e bajulações. “Caiu a ficha! Só enxergam minha aparência”, isso me frustra, me desanima, me entristece. Sou valorizada e reconhecida com base na minha aparência física, em detrimento de minhas qualidades, habilidades e conquistas.  

Wilma Walker, modelo, sente-se que há nisso, a estereotipação e objetificação da mulher bonita, sendo vistas principalmente como objetos de desejo ou decoração. Isso pode levar à diminuição de sua individualidade e habilidades, sendo reduzidas a meros símbolos de beleza.

Júlia Soares, sente pressão, inclusive do namorado, para se manter sempre atraente. Hoje consegue viver sem responder à expectativa social de que as mulheres bonitas devem se esforçar para manter sua aparência física e parecerem sempre impecáveis. Não procuro me encaixar em padrões de beleza, nem invisto, como antes, tempo, energia e dinheiro em cuidados pessoais. Resolvi isso em terapia e me sinto, mas livre, mais feliz.

Voltando a Milene, ela sempre foi elogiada pela sua aparência, mas jamais se envaideceu. Ela disse-me, que “ninguém sabe que meus três casamentos desfeitos, também foram arruinados por conta de minha beleza física. Os homens que tive, sempre tentaram tirar proveito de minha aparência, não viam minhas qualidades, vinham apenas meu corpo, como se eu fosse um objeto de uso. Muitas vezes eu estava linda por fora, mas corroída por dentro. Quis tanto ser reconhecida pelo que sou de verdade, por meus talentos, meus sonhos, minhas preocupações, minhas fraquezas... Sei que sou muito mais que uma bela imagem no Instagram ou face..., eu sei!”

Joice Vismann, diz o seguinte: “muitas amigas que curtem e elogiam minhas fotos nas redes sociais, o fazem por inveja inconfessável, os “amigos”, por algum interesse, também inconfesso”.

São exemplos de mulheres lindas, que cansaram de serem assediadas, “não sou uma mera superfície bonita. Não quero atrair ninguém pelos meus atributos físicos, não quero ser apreciada como uma moldura de um quadro na parede”, desabafa Júlia.

Rebeca, fala de sua relação de amizade com homem. “Tive um amigo verdadeiro. Ele sentiu-se atraído e se apaixonou por mim, vislumbrado pelo meu rosto, pelos meus olhos, porém, isso mudou e notei que esse amigo realmente me percebia como mulher, para além de meu corpo, de minha beleza física. Infelizmente sua paixão me assustou. Eu não quis criar expectativas. Ele é casado e bem-casado, conheço a esposa dele. Ela é amável, uma super mulher batalhadora e cheia de qualidades. Não me senti no direito de estragar essa belíssima relação. Ele é feliz no casamento, eu sei. Hoje sinto muito sua falta, de me encontrar e conversar com ele. As redes sociais me cansaram, não as tenho mais”.

Rebeca falou muito desse amigo que teve. “Ele é um homem único, raro, diferente dos demais que conheci e me envolvi. Ele admirava minhas qualidades, criticava meus defeitos, mas nada era relacionado meramente ao corpo, a aparência, a estética. Ele não chamava a atenção pela aparência física, mas tinha uma alma lindíssima. Sabia como ninguém fazer elogios sinceros a uma mulher, sabia criticar com educação, era delicado, corajoso, atencioso, confiável, sensível, seguro, carinhoso e inteligente. Quanta qualidade e quanta saudade! Sinto muita falta desse amigo. Essas coisas é que realmente me importam”. Confesso que me pareceu que Rebeca é apaixonada por esse amigo, que, aliás, ela não quis confessar quem é.

Pelas falas dessas belas mulheres que entrevistei, posso afirmar, que a beleza se dá muito a ver, mas também disfarça muitas coisas. Tais mulheres, procuraram transcender a aparência, não se escondem mais atrás da maquiagem, mostram ao mundo o que realmente são. Há muitas vezes, dificuldade em serem levadas a sério. Há uma percepção equivocada de que mulheres bonitas são menos capazes ou inteligentes, o que pode dificultar sua validação em outros aspectos da vida, como carreira, educação ou opiniões.

Muitas mulheres bonitas sofrem assédio e invasão de privacidade devido à sua aparência. Isso pode afetar sua sensação de segurança e bem-estar.

Não são poucas as mulheres, com insegurança em construir relacionamentos genuínos, com um parceiro que se interesse nelas, para além da aparência. Elas sentem-se inseguras em relação à motivação dos parceiros, que podem se aproximar delas apenas por interesse superficial ou com segundas intenções. Isso pode dificultar o estabelecimento de relacionamentos sérios, confiáveis e interessantes, baseados em confiança e conexão emocional. Estar do lado de uma mulher bonita e se vangloriar disso, é comum hoje, sobretudo, nas redes sociais.

Por fim, tenho algumas amigas e colegas muito bonitas, porém, não costumo elogiá-las, exaltá-las ou bajulá-las pela beleza física. Acreditem, sou tímido para essas questões. Ademais, acho, muitas vezes, uma babaquice isso tudo. Em geral, os elogios nas redes sociais são chatos, superficiais e interesseiros. Adoro é elogiar a Dolores, essa, sim, é linda. Linda de coração, linda de alma..., enfim, é uma beleza imensa, porém, nem ela acredita mais nos meus elogios. Ao colocar um vestido bonito, me perguntou: “que achou meu bem? Como ficou em mim?”, aí brinquei: “ficou horrível!”, ela, furiosa me correu do quarto, três dias dormi na sala. Outro dia, acho que ela esqueceu na cena e repetiu a dose: “como ficou em mim essa blusa que comprei, meu bem?”, daí, olhei bem em seus olhos esverdeados e, em bom-tom, disse: “ficou linda amor! Caiu muito bem em você”. Ela reagiu na hora: “mentira seu cretino” Tá mentindo! Quero dizer com tudo isso, que mulheres, belas ou não, são enigmáticas, precisamos antes conhecer sua alma, seus gostos, seus sonhos, suas fraquezas… antes de tudo. Elogios a beleza física, não é tudo. Que me perdoe o Juscelino. És muito jovem ainda e terá muito que aprender sobre mulheres. Afinal, são elas que nos ensinam, ainda temos muito que aprender com elas.  

Arnaldo Toni


quinta-feira, 20 de abril de 2023

QUE SUSTO OTÁVIO AUGUSTO!

 Arnaldo Chagas

A vida é imprevisível. Às vezes nos prega peças deixando-nos em estado de alerta, perplexo e atemorizado. Otávio Augusto, com apenas 7 anos, nos mostrou exatamente isso. Otávio é filho de Elenice e de José. Ela é uma mãe daquelas que ama seus filhos como uma ave que procura manter seus filhotes em baixo das asas. Elisete, tia de Otávio, foi quem nos trouxe a situação do garoto que nos preocupou sobremaneira.

Otávio apresentou “nódulos no pescoço que só aumentou com o passar dos dias. Sentia dor ao deglutir e há tempos dor de cabeça.  Por conta da febre alta”, então, foi levado ao posto de saúde. A médica, de início, suspeitou de caxumba. Depois, solicitou exame de sangue e ultrassonografia, pois suspeitava, agora, de algo mais grave, talvez Otávio estivesse com leucemia. Foi um baque para a família, que ficou atônica, incrédula e impotente. Quem acreditaria que uma criança, até então, alegre e saudável, de uma hora para outra, pudesse estar com uma doença grave? Ninguém.


Tão logo chegou o resultado dos exames, a angústia dos familiares aumentou ainda mais. A Secretaria de Saúde entrou em contado com Elisete, pois Otávio estava sendo cuidado por ela e foi solicitado encaminhamento urgente do garoto para o HUSM (Hospital Universitário). Lá foi solicitado várias outras coletas de sangue e o material foi encaminhado para ser examinado no estado do Paraná. Pelos sintomas apresentados, a suspeita de leucemia era grande. A aflição dos familiares aumentou ainda mais.  A sensação era como se a família pudesse dizer: “tá bem, diz aí doutora que isso foi um mero engano, vamos rir disso tudo e tocar a vida em frente!”. A preocupação era imensa, a angústia da espera dos resultados dos exames, idem. Foi como se estivesse caído uma bomba sobre a cabeça de todos. Um pesadelo tremendo.

Lembro de uma mãe que atendi no consultório, tempos atrás. Seu filho tinha medo de dormir em quarto escuro. Sua alegria foi imensurável, quando o filho conseguiu dormir sem luz e veio a seu encontro todo feliz: “mamãe, mamãe, eu consegui, eu consegui!”. Só que com Otávio a situação era diferente, nada dependia dele e de sua mãe.  A mãe de Otávio, aliás, incrédula - e isso é muito comum nesses casos -, questionou a força de Deus: “porque fez isso comigo!...”

 Quando os resultados dois exames chegaram, sem acusar leucemia, a médica do HUSM decidiu realizar uma biópsia para ter certeza. A suspeita da médica era grande, inclusive a família foi informada da suspeita que ainda se mantinha. Otávio, sentia tontura, dor de cabeça e ao deglutir. 

O resultado da biópsia demorou um mês para ficar pronto. Um mês de tortura para a família. Nesse tempo, Otávio só tomou medicação antitérmica e analgésica.  Os médicos não queriam entrar com medicações antes do resultado da biópsia.  Uma das alternativas, era de ele ficar internado, porém, a médica achou melhor aguardar em casa o resultado.  A família foi orientada que a dieta seria pastosa, ademais, que Otávio não poderia ouvir barulhos, se estressar, pegar sol, e nem mesmo ir para escola, aliás, que tanto gostava. Enfim, deveria se manter em repouso. Daiane, prima de Otávio e filha de Elisete, sobretudo nos primeiros sete dias, não mediu esforços para cuidar do moleque. Elisete, como é sua característica, também deu todo o suporte necessário. Todos nós torcíamos por Otávio.

Foram dias muito difíceis. Como relatou Elisete, Otávio, menino esperto e inteligente, a interrogava: “tia, o que que eu tenho? Por que todo mundo vem me visitá? Eu vou melhorá desse machucado? Eu vo morre?” É difícil saber o que responder nessas ocasiões. É nesses momentos que a gente finge ser forte: “calma, tenha fé, você vai ficar bem, isso vai passar, estamos aqui junto contigo...” Depois, saímos dali e vamos chorar escondido.

No hospital, logo após a biópsia, Otávio ouviu os médicos conversando com Daiane, no quarto, sobre seu caso. Eles achavam que o garoto estava ainda anestesiado, mas os efeitos da anestesia já tinham passado.  Um cuidado, aliás, que todo o profissional de saúde deve(ria) ter. Otávio ouviu os médicos, que não estavam com bons pressentimentos, afirmarem que o caso dele poderia ser grave, que poderia ser câncer e não sei que mais.   

Mirian, foi a pessoa destinada para ir ao hospital receber o resultado da biópsia. Numa tranquilidade de monja budista de longa experiência, enviou ontem um áudio pelo WhatsApp, que nos banhou de alegria e satisfação: 

- Tô passando para dar notícia do Otávio. Ele já tá com alta e não precisa mais voltar aqui… Aquele 'linfonodo' é benigno, é alguma massinha de gordura que se alojou ali, deve ter sido algum tipo de infecção, alguma bactéria que ele tivesse contraído em algum momento. Mas que não tem nada para se preocupar. Ele tá de alta, porque a biópsia só foi favorável a ele. Não é nenhum tipo de câncer, não é nada maligno, nada que possa comprometer a saúde dele. Tá bom?… Tá tudo bem graças a Deus”.

A Elisete pretende comemorar esse maravilhoso desfecho. Reunirá em sua casa Otávio e a criançada toda. Fará um chá da tarde com cachorro-quente: “vou enche o pátio de criança e deixá que corram e brinquem à vontade”. A mãe de Otávio, Elenice, como era de se esperar, só restou chorar de alegria e pedir perdão a Deus pelo que disse antes. Otávio Augusto, agora não tem mais nódulo, não tem mais dor, não tem mais medo e come de tudo. Otávio e familiares, são só alegria!

 

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2023

TODO LIVRO TEM UMA HISTÓRIA QUE O ANTECEDE

 

Arnaldo Chagas
 
Algumas alunas do curso de psicologia, anos atrás, frente as exigências e as dificuldades relativas à escrita de textos técnicos acadêmicos, me solicitaram para abrir um grupo, aos sábados pela manhã, para esse fim. Percebendo a franqueza e humildade dessas alunas, aceitei a proposta e nos lançamos a trabalhar.
As alunas realizaram seus TCCs com resultados satisfatórios. Elas aprenderam e, até certo ponto, dominaram as técnicas utilizadas em termos de produção de textos acadêmicos. Como comentava no grupo: "as dificuldades maiores, sempre surgem, porque não temos conhecimentos e experiências suficientes para execução de algo". Daí, o prazer dessas alunas em realizarem, ao final, um trabalho de qualidade, que me impressionou.

O resultado disso tudo, foi que, depois da elaboração de meus resumos, entregues as essas alunas, uma delas me interrogou: "prof. por que você não escreve um livro sobre esse tema?" Aceitei a ideia de pronto, assim, após dois anos de trabalho intenso de aprofundamento, pesquisas e dedicação na escrita, foi lançado o livro: "Produção de textos técnicos acadêmicos", pela Editora Barra Livros (RJ).

Hoje, fui informado pela referida Editora, que entre os exemplares impressos, vendidos e os baixados, correspondem, ao número de 541 livros vendidos.

Em suma, fico feliz e realizado, por entregar a sociedade um trabalho que me exigiu muito tempo, esforço e dedicação, como todo o trabalho de qualidade exige. Na atualidade, pela influência, espetacularização, e fascínio provocado pela mídia e pelas redes sociais, as pessoas, em geral, tem  acesso ao produto pronto e acabado e não consideram todo o processo, árduo, que o antecede. De todo modo, o que mais importa, é a consciência daqueles (as) que se desafiam e produzem algo, no intuito de contribuir, de algum modo, para o bem da sociedade. 

segunda-feira, 2 de janeiro de 2023

A PATOLOGIZAÇÃO DA VELHICE - OMS quer colocar mosca na nossa sopa

                                                                                                                           Arnaldo Chagas

Pasmem! Mas a Organização Mundial da Saúde decidiu incluir o termo "velhice" como doença no CID (Classificação Internacional de Doenças).  Com essa designação, que vale a partir de janeiro de  2022 - de velhice como doença -, todo e qualquer idoso será enfermo. Ao se olhar no espelho e perceber que os cabelos começam a ficar grisalhos, não terá mais sentido afirmar: “estou entrando na velhice”, mas sim, “estou ficando doente”. Assim, a casa dos 60 não será mais a casa da velhice, mas da "doença”.

Ora, a velhice não tem álibi, é um fenômeno natural, contínuo, e se designada como “doença”, será similar ao alcoolismo, uma patologia grave, progressiva e fatal. Contudo, no alcoolismo, quando o paciente para de beber, a doença estaciona, na velhice, ao contrário, não. Ninguém consegue parar de envelhecer, no máximo, seguindo certos cuidados e orientações, é possível retardar o envelhecimento. A pessoa senil quando considerada doente tem que lidar não apenas com a velhice e finitude, mas com o estado de doença, de anormalidade. Ser idoso, portanto, não será mais um processo natural da vida, pois a doença é um fenômeno anômalo, antinatural.

Estar doente não significa ser doente. Precisamos aceitar ou tolerar a velhice, a doença não. Afinal, será a idade o principal critério para o diagnóstico “dessa doença”? Isso não sabemos, mas o que está claro é que este diagnóstico é pessimista, cruel e ameaçador, além de ser, no mínimo, ética e moralmente equivocado. A OMS está querendo dar uma rasteira nos idosos, certamente. Mas afinal, porque estragar essa fase importante da vida do ser humano, transformando-a em doença? Com essa mudança entendemos que o normal, o saudável, será não envelhecer, e nos esforçar para permanecermos eternamente jovem.

A fabricação dessa doença certamente envolve interesses espúrios, econômicos, justamente porque esse mundo, do “deus mercado” e de consumo exorbitante, seres humanos se transformam em coisas, objetos de uso e de consumo, logo, como muitos idosos não são mais tão produtivos, como o referido sistema demanda e impõe, acabam taxados de doentes, que precisam de tratamento. Acredito que quem está estabelecendo a patologização da velhice não seja um cordeirinho. Por trás dessa ideia estúpida, preconceituosa, estigmatizante e desumana, há sempre uma indústria bilionária (farmacêutica, por exemplo) sedenta por oferecer recursos ou artifícios para a sempre sonhada, mas jamais alcançada, “eterna juventude”.

Se essa ideia absurda for acatada, a velhice se apresentará como castigo, uma punição ao ser humano. De um envelhecimento ativo, alegre e feliz, considerando sobretudo aqueles que esbanjam independência, vitalidade e lucidez após os 60, nos transformaremos em doentes tristes, abatidos e fragilizados. Enfrentaremos uma jornada de enfermidade imposta. A palavra “doença” tem origem latina, em que dolentia significa “dor, padecimento”. Seremos obrigados na velhice a viver com esse pesadelo? Ora, o que me deixa doente não é ser idoso, mas é ver crianças famintas, famílias inteiras passando por todo o tipo de necessidade, pessoas excluídas, desprezadas, abandonadas, desrespeitadas, violentadas de seus direitos, justamente como agora, com os idosos.   

O idoso que pode usufruir da aposentadoria, que está relativamente bem de saúde, tem uma vida ótima, desde que respeite seus limites físicos e psicológicos e não sacrifique o espírito, mantendo a paz de uma vida serena. Na velhice não há mais pressões do chefe, dos colegas, nem as rígidas obrigações que cumpria quando trabalhava. Com o ócio a seu favor, esse idoso consegue viver muitos momentos prazerosos, simplesmente não realizando “nada”, apenas apreciando a vida, a natureza, a convivência com quem ama. Sobram-lhe muito mais tempo e horário livres. Não precisará constantemente dar satisfações, como antes, a ninguém. Pode aprender a dizer não, sem culpa e a enfrentar suas inseguranças, vulnerabilidades e dúvidas com mais tranquilidade. Milhares de idosos que tanto trabalharam, se sacrificaram e ajudaram no desenvolvimento e funcionamento de seu país, a partir dos 60 não são mais úteis para o sistema, porque não produzem como antes. Num mundo perverso onde pessoas são convertidas em peças de uma grande engrenagem, os idosos são estigmatizados, e agora, com essa mudança da OMS, além do peso de se sentirem onerosos para o sistema de saúde, lhes atribuem a categoria de doentes!

Os preconceitos que povoam a população nessa faixa etária são diversos, e por essa razão acredito que tenha faltado cautela e principalmente sensibilidade ao ministro da economia, Paulo Guedes, que considerou um fardo o aumento da expectativa de vida e o avanço da medicina, apontando-os como a causa da situação precária da saúde hoje no Brasil. “Todo mundo quer viver 100, 120, 130 anos… não há capacidade de investimento para que o estado acompanhe a busca por atendimento médico crescente…”. Afirmações estúpidas e preconceituosas, que, a meu ver, decepciona ainda mais quando pronunciada por um ministro, que acredita tanto no Brasil, possui conta bilionária no exterior, em paraíso fiscal. Fardo é envelhecer num país com pessoas que mantêm esse tipo mentalidade, que não respeitam os idosos, e não desenvolvem políticas públicas decentes para amparar a imensa população que está envelhecendo ano a ano cada vez mais rápido. Como diz o velho provérbio chinês: “Enquanto uns choram, outros vendem lenço”.

Em 25 de novembro completarei 60 anos, portanto “adentrando na minha fase de enfermidade”. Vejam só que interessante! Serei um homem doente. Um doente que malha quatro vezes por semana, que corre de oito a dez km, duas vezes na semana, que dirige há mais de 40 anos, que faz sexo cinco vezes por semana (claro: trata-se de uma mentirinha “machista” para os amigos “machistas”, na verdade, são de três a quatro vezes – risos!). Continuando, serei um doente que sempre viaja de motocicleta por todo Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Uruguai, Argentina, que escreve livros de contos, crônicas, romances sobre amor e paixão, e mais outros cinco livros acadêmicos, que toca piano e violão popular e às vezes canta para espantar a saudade e a solidão. Serei o mais novo “doente” que produz roteiro e vídeo para um canal de YouTube, que lê praticamente todos os dias, de duas a quatro horas, que deita às 22h30 e acorda 5h45. Também converso diariamente com a família, amigos e conhecidos, faço análise pessoal há mais de 20 anos, possuo formação psicanalítica, e leio Freud e Lacan, lecionei em quatro universidades, por 20 anos, concluí mestrado e doutorado, me  aposentei como auxiliar de enfermagem de hospital público, em unidade psiquiátrica, criei dois filhos, viajo para visitar amigos em outras cidades e regiões do estado, assisto jogos de futebol, e também varro a casa, lavo a louça, arrumo as camas, etc, etc.

Sim, a partir de janeiro poderei ser tratado como um doente e muito do que relatei acima, que já faço, será indicado ou aconselhado para mim. Ora, espero ser um doente saudável, ativo, alegre, esperto. Desejo viver esses últimos anos de minha vida dignamente. Talvez o sintoma da minha enfermidade seja o gosto que tenho pela vida, o prazer de saborear as delícias que a vida pode oferecer, mesmo ciente da dor da existência, das perdas pelas quais todos passamos, nossas limitações, fragilidades, fracassos, medos e tristezas. Mas não vou me deixar abalar por isso, nem pelo meu mais novo fardo de ser agora um doente. Lutarei até o fim de meus dias, ou enquanto eu tiver forças, para viver com minha enfermidade, minhas loucuras do jeito que sempre fiz e com a consciência tranquila que não prejudico ninguém, muito pelo contrário, desejo viver cada vez mais com amor e com o coração cheio de afeto. Não será a OMS, com essa ignomínia, que colocará mosca na minha sopa, há isso não vai mesmo!

CREPÚSCULO DA VIDA

                                                                                                          Autor: Arnaldo Chagas  Na vastid...